Em 1994, um garoto magro e dentuço conquistava o Brasil. A comparação com Pelé era inevitável. Aos 17 anos, ele vestia a camisa da seleção brasileira pela primeira vez logo contra a Argentina. No jogo seguinte marcava o primeiro gol contra a Islândia. E após só duas partidas com a amarelinha era convocado para disputar a Copa do Mundo. A história de glória de um garoto pobre, que cresceu em uma casa simples no bairro de Bento Ribeiro, no subúrbio do Rio de Janeiro, começava a ser escrita. No dia 12 de agosto de 1990, Ronaldo fez seu primeiro jogo pelo mirim do São Cristóvão. E marcou três gols na vitória por 5 a 2 sobre o Tomazinho. No total, foram oito gols em 12 jogos naquele ano. Pouco tempo depois, o atacante desembarcava em Belo Horizonte para começar a brilhar. O Cruzeiro aceitou pagar US$ 50 mil por 55% dos direitos econômicos do jogador. Era conhecido ainda apenas como "Ronaldo Luís".
Duas vezes campeão do mundo com a seleção brasileira, três vezes melhor jogador de futebol do planeta, maior artilheiro da história das Copas... Ronaldo se despede dos campos, mas deixa seu nome escrito na história do esporte. Ronaldo reinou em Barcelona, Madrid e Milão. Depois de ensaiar na fria Eindhoven, virou ET em Barcelona, com arrancadas impressionantes em que parecia carregar e atropelar zagueiros. Ali nasceu a marca R-9, cuidadosamente concebida pelo fabricante de material esportivo que cedo assinou um contrato vitalício com o craque.
Ele namorou atrizes, visitou zonas de guerra, cumprimentou papa, discutiu com presidente. Ele se machucou uma, duas, três vezes - ficou amigo de astros do rock, foi fotografado em situações constrangedoras. Era magro, engordou. Era feio, ganhou estilo. Casou em castelo francês, foi flagrado com travestis, foi televisionado, comentado, badalado em tantos idiomas - que hoje pouca gente se lembra do menino que apenas fazia gols e comemorava de braços e sorriso aberto.
E nesta segunda-feira chegou ao fim uma das mais brilhantes carreiras da história do futebol. Aos 34 anos, Ronaldo não resistiu à intensa batalha diária contra os desgastes físicos acarretados pelas oito cirurgias ao longo da sua trajetória, relembrou um problema de hipotireoidismo e anunciou que não jogará mais profissionalmente. É o fim para aquele que eternizou a camisa 9 com um talento que, não por acaso, lhe rendeu o apelido de Fenômeno e se transformou em um mito mundial.
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